Quando assumi a vaga na Câmara de Vereadores, em 1997, foi um importante momento do Governo Normélio, pois o processo eleitoral ainda burbulhava e os acordos que garantiram a vitória impossível do pleito tinham que ser cumpridos. Na época, o Poder Legislativo era composto por treze vereadores, dos quais o PMDB elegeu cinco, o PPB, hoje PP, dois, o PDT também elegeu dois vereadores, o PSDB compôs com um vereador e o antigo PFL garantiu três cadeiras, sendo uma delas do Dr. Mário Wolfart.
De imediato, logo após a posse dos vereadores, ocorreu a eleição da mesa diretora que conduziria a casa pelo período de dois anos. Como eu era novato e já estava guindado para ser secretário municipal, não participei de nenhuma tratativa para garantir a governabilidade do Normélio e eleger o presidente da Câmara Municipal, simplesmente recebemos o encaminhamento que deveríamos votar no Júlio do Prado – PFL, que era o acordo do Prefeito. Com discurso ético – que é a sua praia, o Jorge Pohl, que representava o PSDB, não concordou com o encaminhamento, arrematou outros colegas e a eleição do Júlio se deu por maioria, mas, garantindo mesmo assim, o bom relacionamento entre os poderes.
Iniciou-se o Governo da Frente Popular por Joaçaba, o Righi, eu e o Édinho viramos secretários, o PT com as guerreiras Silvana e Silvia iniciaram a elaboração do Orçamento Participativo e os aliados do PFL e PSDB com muita discrição abafavam as vozes do Tibico, do Valdir Souza e do Mamão que, acusando o Normélio de brincar de administrar, tornou-se o líder da oposição ao governo. Até aí tudo normal, o jogo sendo jogado e os interesses contentados.
Retornei para a Câmara em 1998, quando iniciei a convivência com o Dr. Mário Wolfart, colega vereador de postura reta, inteligência e raciocínio ímpar, com experiência legislativa e executiva de grande valia para todos nós que estávamos naquela legislatura. Embora sermos gremistas, tínhamos o divisor partidário que nos colocava em tribunas opostas, mas que nunca foi motivo para a falta de confiança ou respeito mútuo, mesmo porque o homem também era delegado de polícia.
No final do ano de 1998, tínhamos novamente a eleição para a mesa diretora da Câmara que teria um mandato de dois anos. O PSDB tinha engrossado suas fileiras com a filiação do Luiz Vastres e fechamos questão com os cinco votos do PMDB e dois do PSDB em torno do Aldo Dolzan, que sentiu a pressão dos acordos existentes e acabou abrindo mão para minha candidatura. Com todas as forças contrárias coloquei-me candidato depois de um gesto irreparável do Édinho, que exonerou-se do cargo de Secretário de Educação para retornar à Câmara e votar no candidato do PMDB, pois acreditávamos na matemática e como sabíamos que sete é mais que seis, nós ganharíamos a disputa e iniciaríamos um projeto de poder diferente do populismo que começava com intensidade proliferar nas bases em Joaçaba.
Fomos para votação e lembro da Câmara cheia e meus cabelos molhados da chuva que peguei em Santa Helena durante o final de tarde. O Júlio do Prado escrutinou os votos e o esperado aconteceu: Perdemos a batalha para o Valdir Souza. Saí abraçado com o Aldo tentando entender o óbvio e fomos dar risada madrugada adentro.
Passou-se quase quinze anos e o óbvio continua acontecendo na Cãmara de Joaçaba. Com a matemática a seu favor, o Dr. Mário também não foi eleito Presidente da Câmara por um voto faltante do seu partido que, na minha opinião, perdeu a grande oportunidade de registar nos anais da Câmara páginas de sabedoria em prol do desenvolvimento de nossa terra. É lamentável, mas aqui em Joaçaba até o Mário foi traído!